terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Percepção e educação ambiental

Lendo um artigo de Philippe Pomier Layrargues “Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução social” ele relata um embate no inicio do século XX entre duas ideologias políticas, o capitalismo e o socialismo, onde o capitalismo saiu triunfante sendo considerado o sistema político correto a ser seguido. Até o despontar em meados desse mesmo século o movimento ecológico ou ambientalista como o novo sistema político-ideológico.
Esse movimento veio ganhando força e segundo o próprio Layrargues com uma “nova e vigorosa idéia-força” como doutrina “ideológica” o “desenvolvimento sustentável”.

A atual Constituição Federal de 1988 em seu art. 225 diz: “Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” e está baseada em um tripé: segundo Dias (2000) apud Melazo (2005) esse tripé é o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social e cultural e a preservação ambiental. Dias (2000) ainda menciona que apesar de vivermos em um mundo capitalista e cercado de valores artificiais e materiais, não devemos pensar que seja utópico, pois esses princípios de desenvolvimento sustentável é um processo em longo prazo.

Para alcançar esse desenvolvimento sustentável fez-se importante compreender como o ser humano se apropria do espaço e como ele interpreta e se relaciona com ele.
Melazo (2005) fala que nos relacionamos com o ambiente através de nosso cinco sentidos sendo a visão o mais importante deles e dessa relação resulta na compreensão do espaço e de como nos organizamos nele e que essa compreensão se faz de forma duvidosa e com questionamentos e pontos de vistas diferentes, portanto esse espaço e percebido de forma diferente. Comerciantes e industriais não percebem o espaço da mesma forma que biólogos geógrafos e ecólogos (MELAZO, 2005).

Ainda citando Melazo (2005) ele conta que a constituição da paisagem, da análise que devemos fazer associando as ações antrópicas, desenvolvimento urbano e industrial, para depois refletir a reprodução do espaço através de atividades sócio-econômicas, culturais e ambientais.

Corrêa (1995) a natureza e o espaço socialmente produzido pelo homem, não é vivenciado e nem percebido da mesma forma pelos seus grupos sociais, a percepção ambiental depende de diversos fatores como, renda, sexo, idade, as práticas espaciais associadas ao trabalho, crenças, mitos, valores e utopias. E ainda diz “A percepção do ambiente tem forte raízes culturais.”

Segundo Corrêa (1995) em áreas urbanas a percepção ambiental associa-se a incorporação de áreas desvalorizadas ao espaço urbano com a possibilidade de se obter renda.

Segundo Isnard (1982) apud Corrêa (1995) o espaço geográfico é também campo de representações simbólicas e que criam vínculos do grupo com o espaço escolhido.No entanto esse sentimento de pertença está se perdendo, não mais tomamos como nosso o nosso espaço.

E nesse sentido a educação ambiental se faz extremamente importante, pois é função dela resgatar esse sentimento de pertença, de que o grupo pertence aquele espaço que ele esta inserido e que esse espaço faz parte dele e que a herança que ele deixará para seus descendentes depende das ações do grupo hoje.

E mais, a herança dos seus descendentes dependem das minhas ações hoje e dos meus a suas.
Referências

CORREA, R. L. A dimensão cultural do espaço: alguns temas.

LAYRARGUES, P.P. Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução social

MELAZO, G. C. Percepção ambiental e educação ambiental: uma reflexão sobre as relações interpessoais e ambientais no espaço urbano.

As referências não estão como a norma (ABNT) pede....e não vou colocar também....

domingo, 7 de novembro de 2010

Arborização urbana

Arborização urbana é mais que simplesmente plantar árvores nas ruas, praças, parques, jardins, etc. Exige planejamento urbano. Pois como qualquer outro componente da urbe como escoamento de água, esgoto, posteamento, iluminação, sinalização... A arborização também deve ser pensada e planejada, por isso um trabalho conjunto com secretarias de meio ambiente e secretarias de planejamento urbano são de extrema importância para o bem estar da população. Ao escolher a árvore a ser plantada na sua calçada, todas as características físicas e biológicas da árvore deve ser analisada.
A primeira coisa a ser observada começa antes mesmo de escolher a árvore.
1º - Que lado da rua você vai plantar, de que lado está a fiação?
A árvore a ser plantada não deverá entrar em contato com a fiação, por isso saber a altura média da espécie é fundamental. Em baixo da fiação não é recomendado árvores com altura superior a 5 metros e do outro lado (lado que não há fiação) comporta indivíduos com altura até 10 metros.
As raízes é uma característica a ser observada, são superficiais? O flamboyant é uma linda árvore, porem possui muitas raízes superficiais que a tornam inviável para a arborização de calçadas, mas nada impede que ela seja usada em parque, jardins, praças, etc.
Obs: jamais pavimentar o colo (parte que se confunde raiz e tronco, a base da árvore) da árvore, pois a árvore por incrível que pareça, também respira (consome oxigênio e libera gás carbônico) e as raízes na busca por água e oxigênio acabam destruindo o pavimento. Uma área de aproximadamente 1,00m quadrado é suficiente para a aeração e a infiltração de água.

Existem outras variáveis a serem observadas. Como por exemplo, a largura de sua calçada, se ela for inferior a 1,80m árvores com 10 metros provavelmente ira causar problemas ao invés de benefícios, pois o seu tronco pode ultrapassar 0,80m.

2º - Uma segunda característica refere-se a capacidade de causar alergias, acúleos e espinhos nos troncos. A espirradeira, aroeira pimenteira apesar de serem muito bonitas podem causar reações alérgicas. Paineiras e o Pau-brasil possuem espinhos em seus caules e galhos.

3º - Um outro fator que deve ser observado é a altura do fuste (da primeira bifurcação), ela deve ser superior a 1,90m, mas para isso a manutenção da muda desde o plantio deve ser feita com periodicidade. A altura do fuste pode ser controlada com pequenas podas até a altura desejada.
Agora um pequeno problema, quem deve fazer essa manutenção, a prefeitura ou o munícipe?

Tudo isso é para a cidade já existente, e para a cidade que ainda está pra nascer?
Aquela cidade que ainda está em construção, bairros planejados, núcleos habitacionais, parques, jardins, canteiros centrais, rotatórias, etc.?
O planejamento dessas áreas deve ser minucioso, calculando a largura da rua, com calçadas amplas para que não impeçam a passagem de pedestres ao plantar a árvore escolhida. O planejamento urbano dessas novas áreas e o replanejamento das já existentes deve levar em conta a acessibilidade de cadeirantes e deficientes visuais.
Arborizar uma cidade não é tão fácil quanto parece, mas é muito importante para o bem estar da população.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Educação ambiental

Começo esse post falando do meu novo blog, que tratara de um assunto que a administração pública da pouca importância, a arborização urbana http://arborizacaourbana.spaces.live.com/ . Havia prometido alguns posts sobre o assunto aqui no blog, http://amplitudeecologica.blogspot.com/ , mas resolvi criar um outro blog devido ao tamanho e complexidade do assunto e esse blog aqui deixarei para expressar meus achados, achismos e devaneios ecológicos.

Dividirei meu tempo entre dois blogs então os posts ficarão menos freqüentes (como se fossem freqüentes né?).

Terminada as explicações, vamos voltar ao tema que propus a falar: educação ambiental.
Recebi um email de um grupo de educadores ambientais que irá dar um curso de “formação de educadores ambientais” e a primeira pergunta era:
O que é educação ambiental para você?

Da resposta que eu dei aquele dia até hoje ela já mudou um pouco, mas o conceito é o mesmo, “educação para vida”. Esse é o cerne do meu conceito de educação ambiental.
Mas o que é “educar para vida”?

Não sei direito, trabalho o meu conceito de educação ambiental desde que comecei a trabalhar com o tema em 2007 quando estagiei na Secretaria de meio ambiente de minha cidade (Bauru/SP) e meu conceito sofre alterações à todo momento.

No momento que estou escrevendo isso “educar para a vida” é:

Ajudar as pessoas a entenderem a complexidade da vida, as suas complexas relações, a raridade e a fragilidade e o respeito que se deve ter com a vida.

É ajudar as pessoas a se inserirem no mundo, ajudar a compreender que não fomos “criados” que co-evoluimos com a Terra e que fazemos parte de uma intrincada rede que não pode ser “explicada” , “cartesiana, baconiana, newtonianamente”, que não pode ser “explicada” pela nossa rude tecnologia e nem por nenhuma “outra” tecnologia, pois ela seria rude ao tentar explicar a relação Planeta – Vida/Vida – Planeta. Qualquer que seja a Vida, qualquer que seja o Planeta.

Educação ambiental e ajudar as pessoas que não podemos “explicar” o nosso planeta, e sim compreende-lo, senti-lo, percebê-lo, assim como o cacique Sattle compreendia, sentia e percebia o mundo a sua volta e que foi relatada na sua famosa carta http://www.ufpa.br/permacultura/carta_cacique.htm , lá ele fala de respeito e de cuidado que o seu povo tinha com o lugar onde vivia e o cuidado e respeito que devemos ter com o lugar que vivemos.

Isso é educação ambiental, isso é educação para vida!

Nossa tecnologia chegou a tal ponto que podemos destruir nosso planeta apertando apenas um botão e sabemos que concertá-lo não é tão simples quanto destruí-lo e ao chegar à esse nível de tecnologia perdemos a ingenuidade e caímos na ignorância.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Resposta de Aldo Rebelo

Saudações!

Recebi uma carta em seu nome produzida pela organização holandesa
 Greenpeace, cujo conteúdo não esclarece as razões pelas quais a Câmara
 dos Deputados constituiu uma Comissão Especial destinada a oferecer 
parecer sobre as diversas propostas de alteração da legislação 
florestal brasileira.A carta do Greenpeace mente e manipula 
informações, confundindo pessoas que não acompanham o debate sobre o 
assunto.

O primeiro esclarecimento é que a Comissão, longe de querer alterar o
 Código Florestal, tenta apenas corrigir alterações por ele sofridas e 
que tornaram inaplicáveis os dispositivos modificados, a maioria deles 
por medida provisória, portarias e resoluções que nunca foram 
discutidas nem pelo Congresso ou pela sociedade brasileira.

O Código Florestal brasileiro, embora datado de 1965, é uma lei boa e defensável, alterada por interesses contrários aos objetivos do Brasil
e do povo brasileiro a partir da pressão de ONGs como a holandesa 
Greenpeace - e outras com sede no exterior - cujas agendas nada têm a 
ver com aquilo que interessa ao Brasil.

As propostas de alteração da legislação têm origem diversa: desde as 
apresentadas por deputados ligados à agricultura familiar, 
seringueiros da Amazônia ou da grande agricultura prejudicada pela 
concorrência desleal dos países ricos, que subsidiam seus agricultores
 e financiam suas ONGs para atuar no Brasil.

O Brasil possui mais de 5 milhões de proprietário agrícolas, em imensa 
maioria de pequenos e médios produtores, 90% deles na ilegalidade por
 não conseguirem cumprir a lei em vigor. Hoje, até a prática indígena
de fermentar a raiz da mandioca em um igarapé ou o prosaico costume de
retirar uma minhoca na beira do rio para uma pescaria tornou-se 
atividade ilegal.

Pela lei, 75% da produção do arroz em várzea 
tornou-se proibida, a plantação de bananas no Vale do Ribeira
 encontra-se na mesma situação e os ribeirinhos do Amazonas, 
impossibilitados de sobreviver porque vivem e tiram seu sustento em 
áreas vedadas pela legislação atual.

Diante de tal situação, fui indicado relator em um acordo
 suprapartidário envolvendo todos os integrantes da Comissão, de todos
 os partidos, com exceção do PSOL e do PV. Organizamos audiências 
públicas em 19 Estados, ouvimos mais de 300 pessoas - representantes
 de ONGs, órgãos ambientais, universidades, Embrapa, produtores, entre 
outros. ONGs como a multinacional holandesa Greenpeace, ou as 
brasileiras SOS Mata Atlântica e Instituto Socioambiental (ISA) foram
 ouvidas mais de uma vez, além de dezenas de outras ONGs nacionais, 
estaduais e municipais.

Confesso que fiquei estarrecido com o que vi por todo o Brasil.
 Pequenos agricultores vendendo suas propriedades ou trocando-as por um 
carro usado ou um barraco na periferia das cidades em razão de não
 terem mais acesso ao crédito da agricultura familiar por não 
conseguirem cumprir a lei. No Mato Grosso, por exemplo, no município
 de Querência, 1.920 pequenos agricultores assentados do INCRA estão 
sem crédito, sem estradas para levarem seus filhos às escolas,
 enquanto em um outro município próximo, 4 mil pequenos agricultores,
 também assentados, encontram-se na mesma situação. Que crime
 cometeram? Simplesmente ocuparam 80% de suas propriedades deixando 20% 
de reserva florestal, cumprindo a lei. Quando a lei foi alterada
 recentemente e passou a exigir 80% de reserva, obrigou o agricultor a 
reflorestar aquilo que a lei anterior autorizara a usar para a agricultura. Acontece que a despesa com reflorestamento torna-se maior
 que o valor da propriedade, depreciado pela situação de ilegalidade.
Na comunidade do Flexal, na reserva indígena Raposa-Serra do Sol, as 
autoridades apreenderam os instrumentos usados pelos índios para 
fermentar (pubar) a raiz da mandioca por causa da liberação do ácido 
cianídrico.


Poderia ampliar indefinidamente os exemplos de abusos e absurdos
 contra a agricultura e os agricultores (pequenos, médios e grandes), o 
que prometo fazer em mensagens seguintes.

Por enquanto desejo apenas
 reafirmar o meu compromisso com o meio ambiente e com o ideal de um 
País que construiu a sua história, preservando a natureza.


A título de 
exemplo, enquanto o Estado do Amazonas dispõe de 98% do seu território
 coberto por vegetação nativa, a Holanda do Greenpeace não chega a 
0,3%, o que a ONG batava considera mais do que o suficiente, já que
 não consta de sua plataforma, em seu país de origem, qualquer 
reivindicação de reserva legal ou área de preservação permanente. Em 
mensagens próximas, falarei do verdadeiro interesse dessa ONG, que 
concentra todos o seus esforços em cercar a Amazônia brasileira, pouco
 ligando para desastres ambientais urbanos que atingem milhões de 
brasileiros.

De qualquer forma, o conteúdo do debate sobre o Código
 Florestal você pode encontrar no seguinte endereço:
 http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/pl187699


Como último esclarecimento, ao contrário do que insinua a ONG 
holandesa, nunca integrei a bancada da agropecuária, chamada 
ruralista, embora deputados do meu partido e de outros partidos de 
esquerda a integrem como parte do esforço de defender a agricultura e 
a pecuária do Brasil contra os interesses dos países ricos.


Atenciosamente,


Aldo Rebelo
Deputado Federal PCdoB-SP

sábado, 1 de maio de 2010

O Guardião de todo ser

Esse trecho foi tirado de um texto do – Caderno de debate. Agenda 21 e sustentabilidade: ética e sustentabilidade, Do Ministério do Meio Ambiente. Quem escreveu foi um teólogo, Leonardo Boff, já conhecia seus textos há algum tempo e cada vez que leio algo novo me surpreendo mais e mais. Vou colocar o texto na integra pois relata exatamente o que penso e o que eu acho de nossa “missão” nessa pequena espaçonave chamada de Terra e da esperança que tenho na humanidade.

“Terra, vida e humanidade somos somos a expressão de um mesmo e imenso processo evolucionário que se iniciou há 15 bilhões de anos. Terra, vida e humanidade formamos uma única realidade complexa e diversa. É o que nos testemunham os astronautas quando vêem a Terra lá de fora da Terra a partir de suas naves espaçais: Terra, biosfera e humanidade não podem ser distinguidos, formam uma única e irradiante realidade. Tudo é vivo. A Terra é Gaia, um super organismo vivo. O ser humano (cuja origem filosófica vem de humos = terra fértil e boa) é a própria Terra que sente, que pensa, que ama, que cuida e que venera. Terra e humanidade possuem a mesma origem e o mesmo destino.

A missão do ser humano, como portador de consciência, inteligência, vontade e amor, é a de ter o cuidado da Terra, o jardineiro desse esplêndido jardim do Éden.

Ocorre que na história ele se mostrou, em muitas ocasiões, o Satã da Terra e, em outras, transformou o jardim do Éden num matadouro, para usar uma expressão do grande especialista em biodiversidade, Edward Wilson (O futuro da vida. p. 121).

Mas sua vocação é ser o guardião de todo ser.”

Sejamos então os "Guardiões de todo ser, de toda Terra”.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

E o que era verde aqui, já não existe mais...

Bem... eu prometi postar algo sobre arborização urbana, no entanto estou um pouco sem tempo pra escrever... Mas estava eu ouvindo Legião Urbana a música "Fábrica" do CD Dois, já havia ouvido esse cd, essa música várias vezes mas prestei atenção a uma frase, "O ceu já foi azul, mas agora é cinza. E o que era verde aqui já não existe mais." Essa frase resume as nossas cidades urbanizadas e sinônimo de desenvolvimento.

Arborização urbana é o tema de meu Tcc e estou estudando um pouco de urbanização para entender como tudo começou...
Era uma vez...um Brasil agrícola com a maioria de sua população vivendo no campo ai veio o Crack de 1929....

E o Brasil resolveu se industrializar... e os problemas de nossas cidades está na velocidade em que a população foi se tornando urbana – parte devido ao êxodo rural acontecido na década de 1940 a 1960 e parte pela política de desenvolvimento a qualquer custo da década de 1970. Milton Santos nos conta toda essa história em seu livro “A urbanização Brasileira”. Em 1940 a taxa de urbanização era de 26% em 1980 era de 68% dados do IBGE de 2000 fala de uma urbanização de mais de 80%. Enquanto a Europa demorou para atingir esse patamar mais ou menos 200 anos o Brasil conseguiu em menos de 100.

Essa crescente massa urbana tornou impossível grandes obras de infra-estrutura, acarretando os diversos problemas ambientais que vemos hoje e que vem desde muito tempo atrás.

Uma cidade desenvolvida, urbana, bonita, local de atuação do homem não pode ter nada de selvagem e feio, tem que derrubar a vegetação local. Construímos indústrias (que precisa de mão de obra), ai aquele monte de gente chega, mas a má gestão pública não preparou lugar para essas pessoas ficarem, não preparou saneamento básico, água potável encanada... e elas se acomodam como podem (favelas, cortiços, etc.).

Tudo isso escalpelou as árvores de nossas cidades, devemos pensar com carinho nelas, cuidar delas, pois elas trazem benefícios não só ecológicos como como melhora do microclima local e melhora na qualidade do ar, elas também trazem benefícios estéticos e psíquicos. Mas isso vai ficar para o próximo post, em breve...


Foto: Av. Anchieta em SJC. Créditos: Arq. Flavia da Costa Simao
Fonte: http://conexaoplaneta.wordpress.com/2009/09/18/palestra-arborizacao-urbana-em-sjc/

segunda-feira, 22 de março de 2010

domingo, 21 de março de 2010

Consumo consciente e a raiz de todo mal!

Karl Marx há essa hora deve estar se revirando em seu túmulo.

Em uma de suas mais celebres obras “O capital” que é uma crítica ao capitalismo, a mais valia, etc. e que transforma tudo o que toca em capital. A essas alturas do campeonato já deve ter descoberto o seu livro foi transformado em capital.

Quem nunca viu uma camiseta do Che Guevara, do próprio Karl Marx a venda em uma lojinha por ai?

Viu foram todos transformados em capital.

O capitalismo me lembra muito um conto. A do rei Midas, aquele que tudo que tocava virava ouro!

Entenda-se por capitalismo não o sistema econômico em si, mas quem domina e que alimenta esse sistema. Nós seres humanos! Obviamente influenciado pelo capitalismo (agora sim o sistema) com uma bela ajuda do marketing.

Mas voltando para a analogia do capitalismo com a estória do rei Midas...
Tudo o que o rei Midas tocava virava ouro e tudo o que o capitalismo toca vira capital (dinheiro). Midas, no entanto sentiu fome e ao pegar uma maçã a transformou em ouro, ao pegar uma taça de vinho também virou ouro. Isso no fim acabou virando uma maldição.

O capitalismo olha para as pessoas, para uma árvore, para um espaço vazio e os toca transformando tudo em dinheiro.

Mas como se libertar do capitalismo?
Agora quem nos da a dica é Platão, com o “mito da caverna”, também conhecida como “Alegoria da caverna”.

Resumidamente o mito da caverna fala sobre homens que viviam no fundo de uma caverna de costas para a saída, e na parede dessa caverna eram projetadas sombras por outros homens. Esses homens que viviam no fundo da caverna tomavam aquelas imagens como verdades absolutas.

Até que um deles resolveu sair da caverna e viu um mundo inteiro para descobrir, voltou para contar a “boa nova”, mas foi desacreditado e esse homem saiu sozinho para descobrir o mundo!
Platão quer dizer com essa alegoria que só através do conhecimento é que podemos nos libertar e sair da caverna.

Agora sim as coisas vão começar a se encaixar, Midas, Platão e consumo consciente.

Consumismo é o ato de consumir sem pensar qualquer coisa que os meios de comunicação te dizem pra consumir e nós como bom habitante do fundo da caverna consumimos sem precisar.

Faça-se a seguinte pergunta: Quantos tênis e/ou sapatos eu tenho e quantos eu uso e por que comprei eles?

Quantas calças eu tenho quantas eu uso e por que comprei elas?

Quantos celulares eu comprei nos últimos dois anos? Você realmente precisava comprar ou trocou porque o seu não tinha mp3 e o outro tinha? Com essas perguntas te fiz pensar sobre seu consumo.
Tarefa de casa! Que tipo de bens e/ou serviços também consumo? Mandem suas tarefas nos comentários.

Consumo consciente, pesquisando um pouco escolhi a definição do http://www.akatu.org.br/consumo_consciente/oque/ que diz: “É consumir diferente: tendo um instrumento de bem estar e não o fim em si mesmo. É consumir solidariamente: buscando o bem estar da sociedade e do meio ambiente. É consumir sustentavelmente: deixando um mundo melhor para as próximas gerações.”

Lembra que Platão falou que só através do conhecimento (educação ambiental/consumo consciente) poderíamos nos libertar e sair da caverna e que nessa caverna existiam homens (capitalistas) que projetam sombras (marketing) que nós juramos serem verdades.

Entendeu agora o capitalismo (Midas), capital/dinheiro (ouro), Platão/caverna (capitalismo), conhecimento para liberdade (educação ambiental/consumo consciente).

Antes de sair da caverna tenho que te avisar! Esse “admirável mundo novo” não é tão fácil quanto o da caverna, que é bem mais cômodo.

sábado, 13 de março de 2010

Erro biológico

Estava pensando agora no que postar, mas ai lembrei de um livro, o qual anotei um trecho, é um livro sobre evolução humana. O livro chama-se “Origens – Richard E. Leakey e Roger Lewin” diz o seguinte:

“Mas poderia ponderar um observador extraterreno: Não é um dominador um tanto louco?
Se não somos loucos e admitimos que não o somos, por que, então, a humanidade parece determinada a uma auto-destruição cada vez mais rápida e crescente?

Talvez a espécie humana seja um terrível e grande erro biológico tendo evoluído alem de um ponto que permita seu florescimento consigo mesma e com o mundo que a cerca.”

Não gosto de ser tão pessimista assim, mas estou lendo também um outro livro, “A verdadeira história do Vaca brava e outras não menos verídicas – Josete Bringel (Org.) e Osmar Pires Martins Junior (autor) e mais duas centenas de colaboradores” hehehe está assim na capa do livro achei “totalmente excelente”. O livro – até onde eu li – conta a história do parque Vaca brava em Goiânia, era um parque, foi loteado, foi “desloteado”, loteado de novo, construído desapropriado, enfim, a luta para proteger um parque urbano em área de APP da especulação imobiliária...Leiam é muito bom, existe um jogo de políticas e politicagem que nos da uma pequena noção de como funciona a administração pública em nosso país.

E pensando nisso concordo quando Leakey e Lewin diz: “Talvez a espécie humana seja um terrível e grande erro biológico tendo evoluído alem de um ponto que permita seu florescimento consigo mesma e com o mundo que a cerca.”

sábado, 6 de março de 2010

O pedido de um lobo pela sua sobrevivência.

Quem já visitou o blog já viu essa frase escrita no canto inferior direito da imagem do lobo-guará. Bem estava refletindo sobre ela agora, e percebi que ela é ambígua, não foi proposital, simplesmente coloquei a frase que me veio a cabeça quando estava montando o blog. Mas voltando a frase... Sobrevivência de quem? Do lobo ou a nossa? Fica a seu critério escolher, vou colocar a minha opinião!

As duas! Por inúmeros motivos o Lobo-guará esta correndo risco de extinção, mas o ser humano também!

Mas como assim o ser humano também?

Sabe o que acontece com culturas de bactérias em tubos de ensaio se não forem tomados os devidos cuidados de manutenção? Elas consomem todos os recursos daquela cultura e acabam por se afogarem em suas próprias escórias e a cultura pode ser perdida! Pense bem no que estamos fazendo! Estamos consumindo todos os recursos de nosso planeta e nos afogando em nossas próprias escórias! Alguns ecos-radicais podem estar pensando “Que bom, pelo menos o planeta vai se regenerar depois e tudo ficará bem”.

Como bom ser vivo desse planeta eu penso não só na minha sobrevivência como indivíduo, mas também na minha sobrevivência como espécie!

Isso só pra falar em resíduos, não to nem falando de guerras, acidentes, fome, extinção de espécies que podem influenciar diretamente e/ou indiretamente a nossa vida, exemplo: os peixes que podem desaparecer devido a um super-aquecimento das águas dos oceanos! Sem falar na beleza de certas paisagens e pássaros, isso pode influencia diretamente o nosso comportamento e tornar-nos mais agressivos. Vi isso em um artigo que diz que cidades melhor arborizadas possuem menores índices de violência.

Às vezes penso que a CI (Conservação Internacional) deveria colocar o ser humano na lista de animais em perigo de extinção, mas acho que nem eles mesmos perceberam isso! Quer tanto preservar as outras espécies e conservar ecossistemas (Isso é fundamental para nossa sobrevivência) que se esquece da nossa própria espécie...

Temos que salvar a nós mesmos primeiro, só assim salvaremos a natureza, e num futuro não muito distante possamos contemplar a natureza como ela veio ao mundo...

quinta-feira, 4 de março de 2010

(Des)envolvimento sustentável!

As palavras têm poder! Elas evoluem com o tempo. Não sei exatamente onde, mas um amigo viu isso em algum lugar. Não sei exatamente quando, mas essa palavra ganhou, adquiriu outro significado com o tempo. A palavra do momento é “desenvolvimento”.

Quando a palavra desenvolvimento ganhou o sentido de evoluir, dar um passo a frente? Temos que rever nosso conceito de desenvolvimento. Desenvolvimento ecológico, econômico, sustentável, etc.
Estamos vivendo hoje um desenvolvimento ecológico! Isso mesmo que vocês acabaram de ler.

Levando em consideração que o sentido da palavra envolver é “fazer parte de algo”, “tornar-se parte de algo”. E que “des” é um prefixo latino que tem sentido de contrário, de negação.

Estamos nos desenvolvendo ecologicamente.
Nós estamos nos tornando algo à parte da natureza.

Nós somos o que falamos, nossas palavras são nossas ações. Por isso temos que rever muito de nossos conceitos.

Temos que voltar para o seio da natureza. Temos que nos envolver sustentavelmente, ecologicamente.

Somente envolvidos com o planeta é que mudaremos nossas atitudes...

Vou almoçar já volto! hehehe brincadeira!

Postei a imagem simplesmente pela beleza e simplicidade!

Vamos sentir a natureza, com todos os nossos sentidos!

Não apenas olhar... Vamos ver, enxergar, sentir o frio e o calor, os gostos, vamos ouvir...

terça-feira, 2 de março de 2010

Trabalho de ecologia geral

Uns tempos atrás, para a disciplina de ecologia geral eu e um amigo meu resolvemos escolher um tema um pouco diferente dos demais.


Enquanto maioria escolhia áreas de matas para estudar, o horto florestal, o jardim botânico, etc. eu e meu amigo e mais uma dupla resolvemos estudar os problemas ambientais urbanos. Afinal, todas as atividades que diz respeito a nós, a maior parte delas acontece na cidade. Segundo o IBGE 2000, cerca de 90% da população urbana vive na cidade de São Paulo. Com todo esse inchamento das cidades os problemas ambientais inevitavelmente tendem a ser mais graves. Bauru/SP não está longe dessa realidade não. É uma cidade com uma população 86 % urbana.


Bauru/SP sofre com todos os problemas urbanos de uma cidade grande, enchentes, lixo nas ruas, lixo em terrenos baldios, queimadas urbanas, espécies invasoras (Achatina fulica), etc. O trabalho não teve assim uma conclusão pois o problema é mais complicado do que parece, especulação imobiliária, falta educação (em todos os sentidos) e informação para o povo, o poder público tem dificuldades pra fiscalizar e muitos outros. Nossa querida cidade é cheia desses tipos de empreendimento de alto padrão de luxo.



Esses é um dos bairros mais nobres de Bauru/SP


No entanto, não muito longe dali...

Isso mesmo! Empreendimentos de baixo padrão de luxo


domingo, 28 de fevereiro de 2010

Vida

Boa noite a todos, venho humildemente pedir desculpas por sumir assim sem avisar. Estava até a algum tempo atrás desempregado e na sexta-feira (26/02/2010) consegui um estágio, não vou ganhar muito não, mas vale mais pela experiência intelectual do que financeira. Vou estagiar com GAE (Gestão empresarial ambiental) não tenho muita experiência com isso (quase nenhuma), o pouco que eu sei foi o que eu andei lendo por ai e ainda não tenho muito que falar sobre isso. Prometo algum dia contar o que realmente é GAE, como funciona e bla, bla, bla.

Meu tempo está curto esse ano tem o Tcc pra entregar e vai ser bem corrido. Só pra matar a curiosidade o título por enquanto é “Analise fitossociológica da arborização urbana de Itapuí/SP”. Estou lendo como um louco e escrevendo como um retardado. Pretendo futuramente trabalhar com gestão ambiental pública. Ouvi em algum lugar dizer que até 2030 2/3 da população morarão em cidades. Resta saber se as cidades aguentam tanta gente. Do jeito que a carruagem anda, antes disso a humanidade entra em colapso. Enquanto o ser humano não se colocar como parte da natureza, nossas atitudes não vão mudar nunca.

Pra provar isso faça o seguinte teste, pode ser com um grupo de pessoas ou crianças, isso foi contado por um amigo meu que leu em um livro do Genebaldo Freire dias “Educação ambiental: Princípios e práticas”.

Faça o seguinte: peça para cada um escrever em um papel todos os seres vivos que pode ser encontrado no ambiente urbano. Em seguida analise os resultados, raramente se vê escrito “pessoas”, “gente”, “seres humanos”... E isso é muito grave. Se nós não nos consideramos seres vivos, como podemos falar em amor ao próximo, não a violência, ética do cuidado...?

Como podemos falar em proteção de nossos recursos naturais, da fauna e da flora se nem nós mesmos nos consideramos seres vivos. Temos primeiro que descobrir que estamos vivos, que fazemos parte de uma natureza, que essa natureza está em constante mutação e que essas mudanças afetam nossas vidas diretas e/ou indiretamente. Afinal, o que eu tenho com o Lobo-guará que está tão longe!?

Estamos ligados ao mundo e a outros seres vivos - plantas, animais, fungo, bactérias, protozoários - por um cordão umbilical invisível que o ser humano teima em não enxergar e pior, tentar romper com ele. Quando isso acontecer será o fim da espécie humana. O que temos que perceber é que somos apenas mais uma entre milhões de espécies viventes nessa espaçonave chamada de Terra, e que a espécie humana não pode viver sem Gaia, mas Gaia pode muito bem viver sem a espécie humana.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O cinismo da reciclagem.

Bem, não tenho muito o que escrever sobre isso porque existe um texto maravilhoso sobre o tema. Me lembrei disso ao ler o post do blog http://evolucaosustentavel.blogspot.com/ falando sobre os nosso heróis da reciclagem.
Longe de ser uma crítica a você Mariana (ps: ta lindo seu blog. o novo visual ta "firmeza". Adoro o contraste preto e verde.), longe de ser uma crítica aos catadores - que na sua maioria não fazem um trabalho intrínsicamente ambiental, e sim apenas estão tentando sobreviver em um nicho deixado pela sociedade de consumo. Se com eles os resíduos (pra usar o termo técnico correto) se acumulam em cima de nossas cabeças, imagina se eles não existissem.
É só uma critica a sociedade de consumo. Do como é o consumo e como deveria ser.

Não vou escrever mais nada, apenas leiam o artigo!
"O cinismo da reciclagem: o significado ideólogico da reciclagem da lata de alumínio e suas aplicações para a educação ambiental."

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A concepção de beleza do biólogo!

Esse é um post que eu criei em uma comunidade que participo relacionado à biologia. O que para a maioria das pessoas parece estranho, feio ou até mesmo repugnante, nós biólogos achamos lindo... Um exemplo que dei fala sobre o cerrado. Aquelas arvorezinhas baixinhas, todas tortinhas, tronco cascudo e bem esparsas. A maioria das pessoas olha e só vê mato. Porém o biólogo (principalmente o botânico) acha uma das coisas mais lindas desse mundo, eu olho para essa paisagem e vejo beleza. O que dizer das veredas (buritizal) então! Para se ver beleza é preciso entender e compreender. A maioria das pessoas acham o comum bonito pássaros em geral, uma flor – não que seja feio, são lindos também. Mas as lesmas, caramujos, cogumelos (fungos) também são lindos! Porque não se vê beleza nisso! Para ver beleza é preciso entender e compreender.
Esse é um buritizal
Cerrado
As fotos acima foram retiradas desse site http://www.alto.paraiso.nom.br/aparaiso/vejetal.htm




Mas como entender e compreender? Educação ambiental, desde o nascimento do início da vida.
Uma educação para a vida e não para o mercado!

Flor de pequi
Minha intenção com essa foto não foi ser obsceno! E tenho certeza que o autor da fotografia também não. Achei essa foto quando procurava imagens pela palavra cerrado.

Bem, o que eu vejo nessa foto, não sabe se foi a intenção do artista, é uma total interação ser humano e a natureza que nos criou. Devemos sentir na pele a grama, a terra, o sol, o vento, a noite, o dia, etc. a natureza fala com a gente e ela pede ajuda. Essa deve ser a concepção de beleza de todos, não apenas do biólogo.

Temos essa facilidade por estudar a vida em todas as suas formas e diferenças e saber que toda vida é igual mesmo com suas particularidades e que existe uma teia de inter-relações ligando você ao restante do mundo, fazemos parte do mundo e caso não tenham percebido ainda, somos seres vivos!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Vocês lembram que eu disse no post passado?

A CI-Br (Conservação Internacional), considera e já faz muito tempo o bioma cerrado como um Hotspot. Outro dia eu explico o que é um Hotspot e o que isso tem haver com o lobo-guará, cerrado, ecologia e etc.

Pois então vamos às explicações:
A CI-Br (Conservação Internacional )é uma organização sem fins lucrativos criada para a conservação dos ecossistemas e da biodiversidade do mundo, fazem estudos sobre áreas degradadas trabalhando para a sua recuperação fazendo trabalhos em educação ambiental. Para maiores informações entre no site: http://conservation.org.br/index.php.

O conceito de Hotsopt que a CI utiliza foi criado pelo ecólogo inglês Norman Myers para que se saiba quais são os ecossistemas mais ameaçados do planeta podendo assim agir com mais rapidez e foco na preservação desses lugares. E adivinhem quais são os Biomas mais ameaçados do nosso país? A Floresta amazônica....pééééééé. Errou. Para mais informações sobre Hotspots acesse http://conservation.org.br/como/index.php?id=8.

Os biomas mais ameaçados de nosso país são o cerrado (2º maior biomas depois da floresta amazônica) e a mata atlântica. É ai que entra a parte da ecologia (que é o estudo das inter-relações dos seres vivos com os seus fatores bióticos (vivos: como plantas e outros animais) e abiótico (não-vivos: como clima, tempo, luz solar, etc.).

Vamos focar no Lobo-guará e no cerrado: Vocês leram que antigamente a área territorial de caça utilizada por um casal lobo era de aproximadamente 300Km2 hoje em dia fica entre 20 e 30 Km2. Diminuindo o território de caça fica mais difícil arrumar... Caça. Mas esse não é o único problema. Vocês devem ter reparado que ele também tem problemas de rim, ele convive com um nematóide chamado de Dioctophyna renale e que ataca seus rins por isso ele é obrigado a comer a fruta-de-lobo que é um vermífugo necessário em sua dieta. Tudo isso que eu falei ai em cima é ecologia. Mas concluindo, com a diminuição das áreas de cerrado diminui a sua área de caça e a densidade da sua frutinha preferida, colocando o Chrysocyon brachyurus em sério risco de extinção.

Quem é o rapaz da foto!?

O lobo-guará
Selvagem, porém tímido

Dono do título de maior canídeo da América do Sul, o lobo-guará, cuja distribuição geográfica abrange o Centro-oeste do Brasil, Paraguai, Leste da Bolívia e Norte da Argentina, é um morador cativo do cerrado brasileiro. Sua pelagem castanho-avermelhada, em contraposição a suas pernas, focinho e dorso negros, confere-lhe um bonito aspecto – não é à toa que é considerado o nosso mais belo canídeo.

Apesar de selvagem, é um animal tímido e arredio. Jamais se aproxima do homem – apenas rosna quando se sente ameaçado. Todavia, é bastante comum aparecer nas sedes das fazendas, atraídos pelo cheiro da comida e por animais domésticos, como galinhas. Pode ser considerado onívoro, pois sua alimentação inclui cerca de 68 espécies de frutos e animais, entre eles pequenos mamíferos e aves, assim como frutas silvestres e vegetais, atuando, dessa forma, como um importante dispersor de sementes.

Na sua dieta é indispensável à fruta-de-lobo (Solanum lycocarpum), que serve de vermífugo natural contra a parasitose renal provocada pelo nematóide Dioctophyna renale. Infelizmente, assim como o próprio lobo, essa árvore típica do cerrado brasileiro também está desaparecendo.
Suas longas pernas, proporcionalmente maiores em relação aos outros canídeos, facilitam sua locomoção e a visualização sobre a vegetação alta. Interessante notar que suas pernas traseiras são ligeiramente maiores que as dianteiras, o que lhe confere rapidez na subida e dificuldades e lentidão nas descidas. É exatamente por isso que os caçadores procuram acuar o lobo-guará para regiões de terreno desiguais.

Nos crepúsculos e noites do Cerrado é que nosso canídeo entra em ação. Raramente são vistos aos pares, pois se reúnem em casais apenas na época de acasalamento. A reprodução se dá uma vez por ano, a fêmea tem gestação de 63 a 65 dias e gera de 2 a 5 filhotes.

A destruição do seu ambiente natural aliada à caça predatória está fazendo com que esses belos lobos sumam gradativamente de nossas paisagens. Só para se ter uma idéia, estudos da IUCN relatam que em 1976 a área territorial de um casal de lobos era em média de 300km2. Atualmente, essa área fica entre os 20 e 30 km2! Isso os torna mais próximos do homem, agravando o problema da caça predatória. Além do mais, para cada animal capturado, outros cinco podem ser sacrificados - na captura, invariavelmente um dos membros do casal é morto na tentativa de defender sua prole, e os filhotes ficam desprotegidos e órfãos.

Diante de tanta destruição, resta saber até quando vamos permitir que nossos elegantes lobos (e não somente eles) deixem de fazer parte das belíssimas paisagens do cerrado.

FONTE: http://www.ibb.unesp.br/departamentos/Educacao/Trabalhos/coisasdecerrado/FAUNA/bichoslobo.htm acessado em 18/02/2010 às 4:05
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Observação do blogueiro: A CI-Br (Conservação Internacional), considera e já faz muito tempo o bioma cerrado como um Hotspot. Outro dia eu explico o que é um Hotspot e o que isso tem haver com o lobo-guará, cerrado, ecologia e etc.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

As diversas ecologias

A nossa ciência tecnicista e extremamente racionalista criada por Bacon, Descartes, e Newton teima em dilacerar tudo o que encontra pela frente e com a ecologia não foi diferente: ecologia humana, ecologia vegetal, ecologia animal, ecologia urbana, ecologia de ecossistemas estuarinos, etc. Óbvio que não se pode saber tudo, mas é necessário uma maior comunicação entre as ciências, interdisciplinaridade é a palavra do momento.

Existem diversos ecologismos ligados diretamente aos movimentos ambientalistas. São quatro posições filosóficas básicas e Salun (1996) nos apresentam cada uma delas: o ecologismo fundamentalista, o ecologismo realista, ecossocialismo e ecocapitalismo.

Os fundamentalistas têm uma visão ligada aos anarquistas de maio de 1968 com uma visão de que a ecologia transcendia os estudos científicos e uma posição pessimista de que a sociedade já degradou o meio ambiente e que o processo já é irreversível.

Já os ecologistas realistas acham possível transformar a sociedade a partir da construção e desenvolvimento de um movimento ecologista atuante. Os realistas têm como objetivo alcançar um desenvolvimento sócio-econômico “radicalmente diferente do capitalismo e do socialismo”. Seria um sistema de pequenas propriedades e cooperativas com um estado atuante em nível local e regional. Os ecorrealistas são a base dos partidos “verdes”.

Os ecossocialistas almejam uma ruptura com a sociedade capitalista e com o socialismo “real” que consideram uma forma de “capitalismo de Estado”.
Os ecocapitalistas acreditam numa sociedade de mercado com base na propriedade privada e na livre iniciativa econômica.

Existe também a chamada ecologia profunda, termo criado pelo Filósofo norueguês, Arne Naess, que coloca o ser humano como sendo parte integrante do ambiente. Fritjof Capra em seu livro “ A teia da vida” nos explica melhor:
“A ecologia profunda não separa seres humanos - ou qualquer outra coisa do meio ambiente natural. Ela vê o mundo não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e são interdependentes. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fio particular na teia da vida. Em última análise, a percepção da ecologia profunda é percepção espiritual ou religiosa”.

Não é necessário ser religioso para se sentir profundamente interligado com a natureza, pois sendo assim ateus jamais poderiam sentir e/ou saber o que é ecologia profunda, basta se sentir como um ser vivo desse planeta e sentir os outros seres também como sendo vivos só assim a mudança de paradigma tão sonhada pelos ambientalistas poderão ser alcançada e o respeito e o valor, simplesmente por ser belo, será conseguido.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Mas afinal, o que é ecologia?

Olhando um livro de ensino médio que eu particularmente acho muito bom e que se chama “Fundamentos da biologia moderna (Amabis e Martho) volume único” achei uma definição bem simplista em um texto de leitura complementar que define ecologia como “o estudo das interações entre os organismos e o ambiente físico.”


A maioria das pessoas tem dificuldades em definir ecologia, pois a mídia em seu papel de alienação das massas apresenta a ecologia como sendo apenas as florestas, os rios, os animais, etc. bem longe da gente e esquece-se de colocar o ser humano como principal agente modificar do meio. Mas de acordo com um livro que estou lendo “Ecologia. A qualidade de vida” publicada pelo SESC (2º Ed. 1996), em um artigo escrito por Carlos A. L. Salum procurou no Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa e encontrou a seguinte definição “ecologia é: Parte da biologia que estuda as relações entre os seres vivos, bem como suas recíprocas influências.” Mas ainda segundo Salum (1996) “isso é apenas a teoria, porque a prática na verdade é a vida acontecendo: homens, plantas, animais, rios, mares, fontes de energia, maneiras de produzir e de suprir a sustentação da vida, um emaranhado de relacionamento de tudo com tudo, revelando o planeta inteiro como um único e gigantesco ecossistema.”


Mas a ecologia transcende esse conceito e adentra ao campo das ciências sociais, porque se o ser humano é o principal agente modificador do meio, fato inegável, toda nossa cultura como filosofia, ciência, política, economia, artes e tudo mais no que concerne o ser humano, deve fazer parte dos estudos ecológicos. Afinal, somos seres vivos interagindo com o ambiente e vice-versa. Exemplo: ao mesmo tempo em que modificamos o ambiente a nossa volta, o meio molda os seres vivos que com eles reagem, é uma das premissas da seleção natural, teoria criada por Darwin.


Novamente citando Salum (1996) ele coloca a educação ambiental como base para entender toda essa complexa relação ecológica e como pressuposto para uma nova forma de pensar o mundo uma nova cidadania. Salum (1996) nos fala da conferência de Tblisi, capital da Georgia que em 1977, definiu um conceito básico de educação ambiental:
“(..)Fazer com que os indivíduos e as coletividades compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do criado pelo homem, resultante da interação de seus aspectos, biológicos, físicos, sócias e culturais e adquiram os conhecimentos,os valores, os comportamentos e as habilidades práticas para participar responsável e eficazmente na preservação e na solução dos problemas e na questão da qualidade do meio ambiente.”


A ecologia transcendeu o termo “ecologia” criada por Ernest Haeckel e elaborada por muitos outros cientistas ao longo de sua história, ela se transformou em militância ecológica, ecologismo, ambientalismo, eco-filosofia, etc. tudo baseado nas pesquisas dos ecólogos ou ecologistas.


Os ecologistas vêm nos mostrando há muito tempo que nossa antiga forma de ver e pensar o mundo onde o homem é senhor e carrasco da natureza está totalmente ultrapassada. Somos apenas mais uma entre outras espécies viventes nesse planeta (na espaçonave Terra).