terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Percepção e educação ambiental

Lendo um artigo de Philippe Pomier Layrargues “Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução social” ele relata um embate no inicio do século XX entre duas ideologias políticas, o capitalismo e o socialismo, onde o capitalismo saiu triunfante sendo considerado o sistema político correto a ser seguido. Até o despontar em meados desse mesmo século o movimento ecológico ou ambientalista como o novo sistema político-ideológico.
Esse movimento veio ganhando força e segundo o próprio Layrargues com uma “nova e vigorosa idéia-força” como doutrina “ideológica” o “desenvolvimento sustentável”.

A atual Constituição Federal de 1988 em seu art. 225 diz: “Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” e está baseada em um tripé: segundo Dias (2000) apud Melazo (2005) esse tripé é o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social e cultural e a preservação ambiental. Dias (2000) ainda menciona que apesar de vivermos em um mundo capitalista e cercado de valores artificiais e materiais, não devemos pensar que seja utópico, pois esses princípios de desenvolvimento sustentável é um processo em longo prazo.

Para alcançar esse desenvolvimento sustentável fez-se importante compreender como o ser humano se apropria do espaço e como ele interpreta e se relaciona com ele.
Melazo (2005) fala que nos relacionamos com o ambiente através de nosso cinco sentidos sendo a visão o mais importante deles e dessa relação resulta na compreensão do espaço e de como nos organizamos nele e que essa compreensão se faz de forma duvidosa e com questionamentos e pontos de vistas diferentes, portanto esse espaço e percebido de forma diferente. Comerciantes e industriais não percebem o espaço da mesma forma que biólogos geógrafos e ecólogos (MELAZO, 2005).

Ainda citando Melazo (2005) ele conta que a constituição da paisagem, da análise que devemos fazer associando as ações antrópicas, desenvolvimento urbano e industrial, para depois refletir a reprodução do espaço através de atividades sócio-econômicas, culturais e ambientais.

Corrêa (1995) a natureza e o espaço socialmente produzido pelo homem, não é vivenciado e nem percebido da mesma forma pelos seus grupos sociais, a percepção ambiental depende de diversos fatores como, renda, sexo, idade, as práticas espaciais associadas ao trabalho, crenças, mitos, valores e utopias. E ainda diz “A percepção do ambiente tem forte raízes culturais.”

Segundo Corrêa (1995) em áreas urbanas a percepção ambiental associa-se a incorporação de áreas desvalorizadas ao espaço urbano com a possibilidade de se obter renda.

Segundo Isnard (1982) apud Corrêa (1995) o espaço geográfico é também campo de representações simbólicas e que criam vínculos do grupo com o espaço escolhido.No entanto esse sentimento de pertença está se perdendo, não mais tomamos como nosso o nosso espaço.

E nesse sentido a educação ambiental se faz extremamente importante, pois é função dela resgatar esse sentimento de pertença, de que o grupo pertence aquele espaço que ele esta inserido e que esse espaço faz parte dele e que a herança que ele deixará para seus descendentes depende das ações do grupo hoje.

E mais, a herança dos seus descendentes dependem das minhas ações hoje e dos meus a suas.
Referências

CORREA, R. L. A dimensão cultural do espaço: alguns temas.

LAYRARGUES, P.P. Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução social

MELAZO, G. C. Percepção ambiental e educação ambiental: uma reflexão sobre as relações interpessoais e ambientais no espaço urbano.

As referências não estão como a norma (ABNT) pede....e não vou colocar também....