domingo, 28 de fevereiro de 2010

Vida

Boa noite a todos, venho humildemente pedir desculpas por sumir assim sem avisar. Estava até a algum tempo atrás desempregado e na sexta-feira (26/02/2010) consegui um estágio, não vou ganhar muito não, mas vale mais pela experiência intelectual do que financeira. Vou estagiar com GAE (Gestão empresarial ambiental) não tenho muita experiência com isso (quase nenhuma), o pouco que eu sei foi o que eu andei lendo por ai e ainda não tenho muito que falar sobre isso. Prometo algum dia contar o que realmente é GAE, como funciona e bla, bla, bla.

Meu tempo está curto esse ano tem o Tcc pra entregar e vai ser bem corrido. Só pra matar a curiosidade o título por enquanto é “Analise fitossociológica da arborização urbana de Itapuí/SP”. Estou lendo como um louco e escrevendo como um retardado. Pretendo futuramente trabalhar com gestão ambiental pública. Ouvi em algum lugar dizer que até 2030 2/3 da população morarão em cidades. Resta saber se as cidades aguentam tanta gente. Do jeito que a carruagem anda, antes disso a humanidade entra em colapso. Enquanto o ser humano não se colocar como parte da natureza, nossas atitudes não vão mudar nunca.

Pra provar isso faça o seguinte teste, pode ser com um grupo de pessoas ou crianças, isso foi contado por um amigo meu que leu em um livro do Genebaldo Freire dias “Educação ambiental: Princípios e práticas”.

Faça o seguinte: peça para cada um escrever em um papel todos os seres vivos que pode ser encontrado no ambiente urbano. Em seguida analise os resultados, raramente se vê escrito “pessoas”, “gente”, “seres humanos”... E isso é muito grave. Se nós não nos consideramos seres vivos, como podemos falar em amor ao próximo, não a violência, ética do cuidado...?

Como podemos falar em proteção de nossos recursos naturais, da fauna e da flora se nem nós mesmos nos consideramos seres vivos. Temos primeiro que descobrir que estamos vivos, que fazemos parte de uma natureza, que essa natureza está em constante mutação e que essas mudanças afetam nossas vidas diretas e/ou indiretamente. Afinal, o que eu tenho com o Lobo-guará que está tão longe!?

Estamos ligados ao mundo e a outros seres vivos - plantas, animais, fungo, bactérias, protozoários - por um cordão umbilical invisível que o ser humano teima em não enxergar e pior, tentar romper com ele. Quando isso acontecer será o fim da espécie humana. O que temos que perceber é que somos apenas mais uma entre milhões de espécies viventes nessa espaçonave chamada de Terra, e que a espécie humana não pode viver sem Gaia, mas Gaia pode muito bem viver sem a espécie humana.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O cinismo da reciclagem.

Bem, não tenho muito o que escrever sobre isso porque existe um texto maravilhoso sobre o tema. Me lembrei disso ao ler o post do blog http://evolucaosustentavel.blogspot.com/ falando sobre os nosso heróis da reciclagem.
Longe de ser uma crítica a você Mariana (ps: ta lindo seu blog. o novo visual ta "firmeza". Adoro o contraste preto e verde.), longe de ser uma crítica aos catadores - que na sua maioria não fazem um trabalho intrínsicamente ambiental, e sim apenas estão tentando sobreviver em um nicho deixado pela sociedade de consumo. Se com eles os resíduos (pra usar o termo técnico correto) se acumulam em cima de nossas cabeças, imagina se eles não existissem.
É só uma critica a sociedade de consumo. Do como é o consumo e como deveria ser.

Não vou escrever mais nada, apenas leiam o artigo!
"O cinismo da reciclagem: o significado ideólogico da reciclagem da lata de alumínio e suas aplicações para a educação ambiental."

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A concepção de beleza do biólogo!

Esse é um post que eu criei em uma comunidade que participo relacionado à biologia. O que para a maioria das pessoas parece estranho, feio ou até mesmo repugnante, nós biólogos achamos lindo... Um exemplo que dei fala sobre o cerrado. Aquelas arvorezinhas baixinhas, todas tortinhas, tronco cascudo e bem esparsas. A maioria das pessoas olha e só vê mato. Porém o biólogo (principalmente o botânico) acha uma das coisas mais lindas desse mundo, eu olho para essa paisagem e vejo beleza. O que dizer das veredas (buritizal) então! Para se ver beleza é preciso entender e compreender. A maioria das pessoas acham o comum bonito pássaros em geral, uma flor – não que seja feio, são lindos também. Mas as lesmas, caramujos, cogumelos (fungos) também são lindos! Porque não se vê beleza nisso! Para ver beleza é preciso entender e compreender.
Esse é um buritizal
Cerrado
As fotos acima foram retiradas desse site http://www.alto.paraiso.nom.br/aparaiso/vejetal.htm




Mas como entender e compreender? Educação ambiental, desde o nascimento do início da vida.
Uma educação para a vida e não para o mercado!

Flor de pequi
Minha intenção com essa foto não foi ser obsceno! E tenho certeza que o autor da fotografia também não. Achei essa foto quando procurava imagens pela palavra cerrado.

Bem, o que eu vejo nessa foto, não sabe se foi a intenção do artista, é uma total interação ser humano e a natureza que nos criou. Devemos sentir na pele a grama, a terra, o sol, o vento, a noite, o dia, etc. a natureza fala com a gente e ela pede ajuda. Essa deve ser a concepção de beleza de todos, não apenas do biólogo.

Temos essa facilidade por estudar a vida em todas as suas formas e diferenças e saber que toda vida é igual mesmo com suas particularidades e que existe uma teia de inter-relações ligando você ao restante do mundo, fazemos parte do mundo e caso não tenham percebido ainda, somos seres vivos!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Vocês lembram que eu disse no post passado?

A CI-Br (Conservação Internacional), considera e já faz muito tempo o bioma cerrado como um Hotspot. Outro dia eu explico o que é um Hotspot e o que isso tem haver com o lobo-guará, cerrado, ecologia e etc.

Pois então vamos às explicações:
A CI-Br (Conservação Internacional )é uma organização sem fins lucrativos criada para a conservação dos ecossistemas e da biodiversidade do mundo, fazem estudos sobre áreas degradadas trabalhando para a sua recuperação fazendo trabalhos em educação ambiental. Para maiores informações entre no site: http://conservation.org.br/index.php.

O conceito de Hotsopt que a CI utiliza foi criado pelo ecólogo inglês Norman Myers para que se saiba quais são os ecossistemas mais ameaçados do planeta podendo assim agir com mais rapidez e foco na preservação desses lugares. E adivinhem quais são os Biomas mais ameaçados do nosso país? A Floresta amazônica....pééééééé. Errou. Para mais informações sobre Hotspots acesse http://conservation.org.br/como/index.php?id=8.

Os biomas mais ameaçados de nosso país são o cerrado (2º maior biomas depois da floresta amazônica) e a mata atlântica. É ai que entra a parte da ecologia (que é o estudo das inter-relações dos seres vivos com os seus fatores bióticos (vivos: como plantas e outros animais) e abiótico (não-vivos: como clima, tempo, luz solar, etc.).

Vamos focar no Lobo-guará e no cerrado: Vocês leram que antigamente a área territorial de caça utilizada por um casal lobo era de aproximadamente 300Km2 hoje em dia fica entre 20 e 30 Km2. Diminuindo o território de caça fica mais difícil arrumar... Caça. Mas esse não é o único problema. Vocês devem ter reparado que ele também tem problemas de rim, ele convive com um nematóide chamado de Dioctophyna renale e que ataca seus rins por isso ele é obrigado a comer a fruta-de-lobo que é um vermífugo necessário em sua dieta. Tudo isso que eu falei ai em cima é ecologia. Mas concluindo, com a diminuição das áreas de cerrado diminui a sua área de caça e a densidade da sua frutinha preferida, colocando o Chrysocyon brachyurus em sério risco de extinção.

Quem é o rapaz da foto!?

O lobo-guará
Selvagem, porém tímido

Dono do título de maior canídeo da América do Sul, o lobo-guará, cuja distribuição geográfica abrange o Centro-oeste do Brasil, Paraguai, Leste da Bolívia e Norte da Argentina, é um morador cativo do cerrado brasileiro. Sua pelagem castanho-avermelhada, em contraposição a suas pernas, focinho e dorso negros, confere-lhe um bonito aspecto – não é à toa que é considerado o nosso mais belo canídeo.

Apesar de selvagem, é um animal tímido e arredio. Jamais se aproxima do homem – apenas rosna quando se sente ameaçado. Todavia, é bastante comum aparecer nas sedes das fazendas, atraídos pelo cheiro da comida e por animais domésticos, como galinhas. Pode ser considerado onívoro, pois sua alimentação inclui cerca de 68 espécies de frutos e animais, entre eles pequenos mamíferos e aves, assim como frutas silvestres e vegetais, atuando, dessa forma, como um importante dispersor de sementes.

Na sua dieta é indispensável à fruta-de-lobo (Solanum lycocarpum), que serve de vermífugo natural contra a parasitose renal provocada pelo nematóide Dioctophyna renale. Infelizmente, assim como o próprio lobo, essa árvore típica do cerrado brasileiro também está desaparecendo.
Suas longas pernas, proporcionalmente maiores em relação aos outros canídeos, facilitam sua locomoção e a visualização sobre a vegetação alta. Interessante notar que suas pernas traseiras são ligeiramente maiores que as dianteiras, o que lhe confere rapidez na subida e dificuldades e lentidão nas descidas. É exatamente por isso que os caçadores procuram acuar o lobo-guará para regiões de terreno desiguais.

Nos crepúsculos e noites do Cerrado é que nosso canídeo entra em ação. Raramente são vistos aos pares, pois se reúnem em casais apenas na época de acasalamento. A reprodução se dá uma vez por ano, a fêmea tem gestação de 63 a 65 dias e gera de 2 a 5 filhotes.

A destruição do seu ambiente natural aliada à caça predatória está fazendo com que esses belos lobos sumam gradativamente de nossas paisagens. Só para se ter uma idéia, estudos da IUCN relatam que em 1976 a área territorial de um casal de lobos era em média de 300km2. Atualmente, essa área fica entre os 20 e 30 km2! Isso os torna mais próximos do homem, agravando o problema da caça predatória. Além do mais, para cada animal capturado, outros cinco podem ser sacrificados - na captura, invariavelmente um dos membros do casal é morto na tentativa de defender sua prole, e os filhotes ficam desprotegidos e órfãos.

Diante de tanta destruição, resta saber até quando vamos permitir que nossos elegantes lobos (e não somente eles) deixem de fazer parte das belíssimas paisagens do cerrado.

FONTE: http://www.ibb.unesp.br/departamentos/Educacao/Trabalhos/coisasdecerrado/FAUNA/bichoslobo.htm acessado em 18/02/2010 às 4:05
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Observação do blogueiro: A CI-Br (Conservação Internacional), considera e já faz muito tempo o bioma cerrado como um Hotspot. Outro dia eu explico o que é um Hotspot e o que isso tem haver com o lobo-guará, cerrado, ecologia e etc.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

As diversas ecologias

A nossa ciência tecnicista e extremamente racionalista criada por Bacon, Descartes, e Newton teima em dilacerar tudo o que encontra pela frente e com a ecologia não foi diferente: ecologia humana, ecologia vegetal, ecologia animal, ecologia urbana, ecologia de ecossistemas estuarinos, etc. Óbvio que não se pode saber tudo, mas é necessário uma maior comunicação entre as ciências, interdisciplinaridade é a palavra do momento.

Existem diversos ecologismos ligados diretamente aos movimentos ambientalistas. São quatro posições filosóficas básicas e Salun (1996) nos apresentam cada uma delas: o ecologismo fundamentalista, o ecologismo realista, ecossocialismo e ecocapitalismo.

Os fundamentalistas têm uma visão ligada aos anarquistas de maio de 1968 com uma visão de que a ecologia transcendia os estudos científicos e uma posição pessimista de que a sociedade já degradou o meio ambiente e que o processo já é irreversível.

Já os ecologistas realistas acham possível transformar a sociedade a partir da construção e desenvolvimento de um movimento ecologista atuante. Os realistas têm como objetivo alcançar um desenvolvimento sócio-econômico “radicalmente diferente do capitalismo e do socialismo”. Seria um sistema de pequenas propriedades e cooperativas com um estado atuante em nível local e regional. Os ecorrealistas são a base dos partidos “verdes”.

Os ecossocialistas almejam uma ruptura com a sociedade capitalista e com o socialismo “real” que consideram uma forma de “capitalismo de Estado”.
Os ecocapitalistas acreditam numa sociedade de mercado com base na propriedade privada e na livre iniciativa econômica.

Existe também a chamada ecologia profunda, termo criado pelo Filósofo norueguês, Arne Naess, que coloca o ser humano como sendo parte integrante do ambiente. Fritjof Capra em seu livro “ A teia da vida” nos explica melhor:
“A ecologia profunda não separa seres humanos - ou qualquer outra coisa do meio ambiente natural. Ela vê o mundo não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e são interdependentes. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fio particular na teia da vida. Em última análise, a percepção da ecologia profunda é percepção espiritual ou religiosa”.

Não é necessário ser religioso para se sentir profundamente interligado com a natureza, pois sendo assim ateus jamais poderiam sentir e/ou saber o que é ecologia profunda, basta se sentir como um ser vivo desse planeta e sentir os outros seres também como sendo vivos só assim a mudança de paradigma tão sonhada pelos ambientalistas poderão ser alcançada e o respeito e o valor, simplesmente por ser belo, será conseguido.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Mas afinal, o que é ecologia?

Olhando um livro de ensino médio que eu particularmente acho muito bom e que se chama “Fundamentos da biologia moderna (Amabis e Martho) volume único” achei uma definição bem simplista em um texto de leitura complementar que define ecologia como “o estudo das interações entre os organismos e o ambiente físico.”


A maioria das pessoas tem dificuldades em definir ecologia, pois a mídia em seu papel de alienação das massas apresenta a ecologia como sendo apenas as florestas, os rios, os animais, etc. bem longe da gente e esquece-se de colocar o ser humano como principal agente modificar do meio. Mas de acordo com um livro que estou lendo “Ecologia. A qualidade de vida” publicada pelo SESC (2º Ed. 1996), em um artigo escrito por Carlos A. L. Salum procurou no Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa e encontrou a seguinte definição “ecologia é: Parte da biologia que estuda as relações entre os seres vivos, bem como suas recíprocas influências.” Mas ainda segundo Salum (1996) “isso é apenas a teoria, porque a prática na verdade é a vida acontecendo: homens, plantas, animais, rios, mares, fontes de energia, maneiras de produzir e de suprir a sustentação da vida, um emaranhado de relacionamento de tudo com tudo, revelando o planeta inteiro como um único e gigantesco ecossistema.”


Mas a ecologia transcende esse conceito e adentra ao campo das ciências sociais, porque se o ser humano é o principal agente modificador do meio, fato inegável, toda nossa cultura como filosofia, ciência, política, economia, artes e tudo mais no que concerne o ser humano, deve fazer parte dos estudos ecológicos. Afinal, somos seres vivos interagindo com o ambiente e vice-versa. Exemplo: ao mesmo tempo em que modificamos o ambiente a nossa volta, o meio molda os seres vivos que com eles reagem, é uma das premissas da seleção natural, teoria criada por Darwin.


Novamente citando Salum (1996) ele coloca a educação ambiental como base para entender toda essa complexa relação ecológica e como pressuposto para uma nova forma de pensar o mundo uma nova cidadania. Salum (1996) nos fala da conferência de Tblisi, capital da Georgia que em 1977, definiu um conceito básico de educação ambiental:
“(..)Fazer com que os indivíduos e as coletividades compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do criado pelo homem, resultante da interação de seus aspectos, biológicos, físicos, sócias e culturais e adquiram os conhecimentos,os valores, os comportamentos e as habilidades práticas para participar responsável e eficazmente na preservação e na solução dos problemas e na questão da qualidade do meio ambiente.”


A ecologia transcendeu o termo “ecologia” criada por Ernest Haeckel e elaborada por muitos outros cientistas ao longo de sua história, ela se transformou em militância ecológica, ecologismo, ambientalismo, eco-filosofia, etc. tudo baseado nas pesquisas dos ecólogos ou ecologistas.


Os ecologistas vêm nos mostrando há muito tempo que nossa antiga forma de ver e pensar o mundo onde o homem é senhor e carrasco da natureza está totalmente ultrapassada. Somos apenas mais uma entre outras espécies viventes nesse planeta (na espaçonave Terra).